terça-feira, 5 de julho de 2011

Obama visita suas raízes irlandesas e deixa palavras de esperança à nação

Para rever seus antepassados e reafirmar a amizade entre os EUA e a Irlanda, o presidente norte-americano visitou, ontem, o primeiro país europeu na última viagem à Europa antes das próximas eleições em que tentará mais um mandato. Na capital, Dublin, ele discursou para 100 mil

Dimas, de Dublin.

"Meu nome é Barack Obama, de Moneygall O'Bamas. Estou aqui para encontrar o apóstrofo que perdemos pelo caminho". Fazendo menção às suas raízes no país – e a retirada do sinal na escrita do seu sobrenome irlandês –, o presidente dos Estados Unidos da América iniciou discurso histórico em Dublin, capital da Irlanda, no início da noite de ontem. Na sua passagem, de um único dia, ele pôde conhecer a cidade de onde o avô do seu avô saiu, em 1850, em direção aos EUA fugindo da crise da fome, além de levar palavras de esperança e coragem ao país, que enfrenta uma profunda crise econômica. Esse foi o primeiro dos quatro países que o líder visitará até a próxima segunda-feira.


Apresentado pelo primeiro-ministro Enda Kenny e acompanhado da esposa Michele, Obama falou a cerca de 100 mil pessoas por 24 minutos, sempre focando na relação histórica entre EUA e Irlanda. O discurso foi torneado pela histórica relação entre os países, enfatizando a “eterna amizade” entre eles. Em momentos de intensa valorização da contribuição irlandesa para a construção e desenvolvimento dos EUA, ele chegou a dizer que “uma nação tão pequena nunca havia inspirado tanto outro país. Assinaturas irlandesas estão em nossos documentos. Sangue irlandês foi derramado em nossos campos de batalha. Suor irlandeês construiu nossas grandes cidades." A visita teve um tom maior de celebração e fraternidade que de acordos ou discussões profundas. Sonda-se que o evento pode ter sido organizado como parte de uma pré-campanha para se aproximar dos mais de 40 milhões de descendentes de irlandeses (estatística oficial do governo dos EUA) que vivem em solo norte-americano e, assim, conquistar a simpatia e posterior voto deles.



Sua fala pública foi o ponto alto da viagem do presidente à Irlanda, onde também se reuniu com a presidente Mary McAleese, participou de alguns eventos sociais e visitou Moneygall, um pequeno vilarejo por onde passa sua árvore genealógica. Lá, ele foi recebido por um primo que o apresentou a alguns familiares. Com as lideranças irlandesas foram discutidos temas como a utilização de um dos aeroportos do país pelos EUA, o papel das forças de paz da Irlanda no Afeganistão e do resgate econômico do país, ajuda oriunda da União Européia e do Fundo Monetário Internacional (FMI).


"Obviamente, não é apenas uma questão de interesses estratégicos. Não é apenas uma questão de política externa para os Estados Unidos, já que carregamos com a Irlanda um laço de sangue", disse Obama. "Para milhões de irlandeses-americanos este continua a simbolizar a pátria e as extraordinárias tradições de um povo extraordinário", completou.


O discurso foi o último compromisso oficial do presidente americano no país, cuja capital sofreu, na última semana, a maior intervenção por uma operação de segurança de sua história face à visita. Logo após o evento, Obama seguiu em direção a Londres, antecipadamente, em função de um possível fechamento, amanhã, do espaço aéreo do país, devido às cinzas que o vulcão islandês voltou a lançar dias atrás. Encontros com líderes da Inglaterra, Escócia, Rússia, França e Japão estão agendados para os próximos dias. Essa é a última viagem do presidente à Europa em seu primeiro mandato.

*matéria originalmente publicada em 25.05. 2011 na Tribuna da Bahia (com modificações)
*fotos dos jornais Irish Times e The Independent

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