terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Por onde anda Janete?

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Por onde anda Marcionílio?

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Os novos ventos de Luiza Possi

Aos 25 anos, a cantora carioca Luiza Possi possui uma carreira que muito evoluiu desde seu primeiro disco, o pop adolescente “Eu sou assim” (2002), até o DVD “A vida é mesmo agora” (2007), em que passeia pela MPB. A filha de Zizi Possi, que segue rumos próprios e cada vez mais modela uma identidade, está lançando o CD “Bons Ventos Sempre Chegam”. A artista falou à Tribuna da Bahia sobre sua evolução ao longo desses quase 10 anos de carreira e sobre a concepção do novo álbum.

Uma cantora mais exposta. Isso é o que se percebe nesse novo álbum de Luiza Possi, que chegou às lojas no mês passado. Entre as 13 faixas, seis são a
utorais. “O disco só aconteceu porque isso tava muito latente em mim”, diz. Entretanto, a única canção que assina sozinha é “Queixo Caído”, uma balada com pegada pop de onde saiu a frase que dá nome ao disco: “Bons Ventos Sempre Chegam”. As outras cinco são suas em parceria com Dudu Falcão, compositor de sucessos da música brasileira na voz de artistas como Daniela Mercury, Sandy e Júnior, Fafá de Belém e Lenine. E é a faixa que Dudu assina sozinho, “Tudo Certo”, a primeira música de trabalho do disco que já está tocando nas rádios. Mas quem abre o CD é “Vou Adiante” (Lokua Kanza e Fredeique Alie, com versão de Chico César), que conta com Marcos Suzano na percussão e com violão e voz de Lokua. Na letra, “Hoje vejo as coisas / Diferente do que vi / Meu ritmo conheço / E ano mais sem medo” é a tradução do momento artístico e pessoal de Luiza.


Juventude latente
Sem querer dar um clima tão romântico ao álbum, a cantora quis gravar músicas que se contrastassem com “Paisagem” (Luiza Possi e Dudu Falcão), uma canção suave que conta com dois violinos e um naipe de cordas. ”Queria um clima mais pra cima, uma cara mais jovem”, conta. Nessa faixa, Luiza exercita uma prática que a fez aprender muito sobre música: a de tocar piano. Seguindo uma corrente incomum, ela revela que só entendeu o ritmo do violão depois que aprendeu a manusear o instrumento de teclas. “Através do piano comecei a entender a música e o violão. Quando tentei começar a tocar violão, não conseguia entender a música. Depois do piano é que eu comecei a compor”, explica.

“Ao Meu Redor” é uma das faixas das quais mais se espera, já que ela é uma composição de Samuel Rosa e Chico Amaral. Um pop rock com estrofes realmente diferentes na melodia, mas com refrões que dizem pouco musicalmente. “Essa foi a primeira música que chegou e eu já gostei logo da letra”, comenta. A cara de trilha sonora de novela é a canção “Pode me dar” (Lula Queiroga). Em homenagem à Zizi, ela canta “Minha Mãe” (Luiza Possi e Dudu Falcão), uma mistura de ciranda e samba de roda, embora pop. Para ela, a maturidade na voz e na postura de palco foi alcançada com a estrada, já que foi através da experiência de fazer shows em várias cidades, principalmente no sul e no sudeste do país, que a levou a isso.


Produção do disco
O álbum levou cerca de quatro meses pra ficar pronto. “Entrei em estúdio no começo de dezembro e entreguei em abril”. Para ela, que entre o lançamento de um disco em 2006 e esse momento lançou um DVD (seu primeiro, ao vivo), um disco tem uma vida útil de um ano e meio a dois anos - “podendo se tornar atemporal dependendo do trabalho”. Um sinal de que está na hora de gravar um outro trabalho é quando ela se cansa do anterior.

À despeito de uma capa de disco em que Luiza aparece quase como uma boneca, um bibelô, envolta por uma áurea de arte, no encarte ela se mostra mais “moleca”, em algumas das imagens com maquiagem borrada, em uma banheira, “sem disfarce, sem nada”, como ela mesma diz. E essa fase um pouco mais escancarada da artista os baianos vão ver em breve, palavras dela. Mesmo sem um show ainda marcado em Salvador, a jovem diz que não pretende demorar a soprar seus ventos por aqui.


*matéria originalmente publicada em 14.07. 2009 na Tribuna da Bahia
*a foto 1 é a capa do disco e as demais são de divulgação
* texto de Dimas Novais

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

"O Menino da Porteira" 33 anos mais novo

A paixão pela música e pela vida no campo são os fatores que ligam intimamente o cantor Daniel com Diogo, personagem que interpreta em “O menino da Porteira”, filme que estreou, ontem (6 de março de 2009), em circuito nacional. Para contar sobre a primeira experiência como protagonista, Daniel veio à Salvador, na última quinta-feira, participar de uma coletiva de imprensa e, logo após, fazer um show na Costa do Sauípe. Além dele, o diretor Jeremias Moreira e a atriz Jacy Ferreira, que interpretou Filoca na versão original da obra, estiveram presentes.

Em 1976, a primeira filmagem de “O Menino da Porteira” foi realizada e, apesar das limitações tecnológicas, estruturais e financeiras, que nortearam a produção, mais de quatro milhões de espectadores assistiram-no nos cinemas brasileiros, tornando a película um sucesso de bilheteria. Mais de 30 anos depois, Jeremias Moreira e Moracy do Val voltaram a se encontrar para assumir a direção e a produção, respectivamente, da refilmagem da obra. Desta vez, o cantor Sérgio Reis cedeu o papel de Diogo, o protagonista do filme, a um ícone da música romântica sertaneja mais recente, Daniel. Além disso, estão presentes no longa-metragem José de Abreu, que vive o Major Batista, Vanessa Giácomo, que interpreta Juliana, e Rosi Campos, a Filoca.

Para não simplesmente repetir o que foi registrado em 76, Moreira incorporou outros elementos e contou com uma parafernália técnica impensável três décadas atrás. “Todas as mudanças foram intencionais. E naquela época ainda era muito mais difícil fazer cinema”. A indústria cinematográfica brasileira também evoluiu. A primeira película foi gravada com uma equipe de nove pessoas e o equivalente a cerca de R$300 mil como recursos, enquanto a regravação contou com 84 profissionais envolvidos em produção e captou aproximadamente R$7 milhões.

“A espinha dorsal do roteiro é a mesma, mas a gente cortou diálogos que contavam a história. Acho que cinema é imagem”, contou Moreira, que enriqueceu a participação infantil no filme e o envolvimento amoroso entre os personagens principais, Diogo e Juliana – estratégias muito utilizadas para criar empatia com o público. “Quando se faz um filme não dá para ficar na porta do cinema falando: queria fazer daquele jeito, mas não consegui. Não tem desculpas. Mas estou satisfeito,“ afirmou.


O cantor, o protagonista
A escolha de Daniel como protagonista nasceu de uma experiência anterior entre ambos na gravação de um vídeo comercial. “Percebi que ali havia um ator nato. Ele é disciplinado e dedicado. Às vezes até demais, chegando a incomodar a gente”, comentou Moreira, entre risos. Os dois únicos papéis que o cantor tinha interpretado foram pontas nas produções infantis “Xuxa Requebra” (1999) e “Didi, o Cupido Trapalhão” (2003). Nestes filmes, a exigência para atuar foi pequena, já que a proposta deles não é de serem grandes obras do gênero, muito menos da cinematografia brasileira. Mas no caso de um filme voltado para adultos, como “O Menino da Porteira”, isso muda. E como muda.

Daniel revelou que enxerga uma grande evolução em sua atuação de lá pra cá. Amadurecimento proporcionado por, entre outros fatores, a participação por 20 dias em um laboratório de preparação de elenco. Além disso, a estrutura, literalmente ao seu redor, o ambiente do campo, que lhe é natural, e até a música que nomeia o filme, e que ele interpreta, foram agentes facilitadores de sua adaptação. “É muito complicado. Tem que vestir a camisa, acreditar em si e saber que críticas virão. Vão surgir comparações. É normal isso. Mas foi um desafio”, admitiu Daniel, contando, também, que não existe pretensão de seguir exclusivamente a dramaturgia, “mas se receber um convite, por que não?”, já que para ele “o ‘não’ não existe.” Em relação à atuação de Daniel, o diretor foi só elogios: “Ele foi muito bem (...) “Não gosto dos outros filmes (que Daniel participou), mas acho que esteve bem neles”.

Expectativas
Aconselhado por Moreira, o elenco não assistiu a versão original do filme para evitar vícios de interpretação, já que sua intenção foi a de recriar a obra. “Esse filme é mais dinâmico, não tem muita barriga, você não tem muito tempo para pensar”, contou Daniel, que, em breve, reviverá mais um personagem de Sérgio Reis, mas desta vez nas telas de TV. Sob direção de Benedito Ruy Barbosa, a próxima novela das 18h, remake de Paraíso (1982), terá o cantor, e agora também ator, interpretando Zé Camilo, mais uma vez, um boiadeiro. “Entrei nos 45 do segundo tempo na novela, graças a minha atuação em ‘O Menino da Porteira’ à convite do próprio Benedito”, explicou.

Um dia antes da coletiva na capital baiana, houve a reinauguração do Cine São José, na cidade de Brotas interior de São Paulo, terra natal do cantor. Ele comprou o espaço, que há 20 anos estava desativado, foi o responsável pela reforma e reabriu o cinema exatamente na pré-estreia de “O menino da Porteira”, quando contou com presenças de amigos do meio artístico, como Xuxa, a dupla Guilherme e Santiago, Alexandre Pires e Sérgio Reis. Segundo Daniel, sua intenção não é lucrar com o empreendimento, mas sim torná-lo um centro cultural para a cidade.

Questionado sobre as expectativas em relação a recepção da platéia do filme, Moreira afirmou que a produção tem todos os elementos para fazer sucesso, mas se o potencial vai se converter em triunfo não dá para prever. O filme possui um ar interiorano muito semelhante ao que permeia “Dois filhos de Francisco”, 5º filme brasileiro de maior bilheteria entre 1970 e 2006, segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine), instituição vinculada ao Ministério da Cultura. Se o clima caipira vai novamente contagiar o país, só os números poderão afirmar a partir do público presente nas 270 salas de exibição espalhadas pelo Brasil. Daqui há algumas semanas, poderemos conferir se, após 33 anos, “O Menino” cresceu em bilheteria.


*matéria originalmente publicada em 07.03. 2009 na Tribuna da Bahia
*fotos e texto de Dimas Novais

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Área Q: ufologia e ficção

O longa nacional, em co-produção com os EUA, “Área Q” encerrou as filmagens no sertão do Ceará e parte para negociação de exibição mundial. Com o ator hollywodiano Isaiah Washington no elenco, além de Murilo Rosa e Tânia Kalil, o filme deve chegar aos cinemas brasileiros no primeiro semestre de 2010


No Brasil, mais precisamente nas cidades cearenses de Quixadá e Quixeramobim, fatos estranhos começam a acontecer e Thomas Mathews percebe que isso pode ter ligação com o desaparecimento de Peter, seu filho. Supostas abduções e relatos sobre o aparecimento de ovnis (objetos não identificados) fazem com que o cético jornalista venha ao país e comece a entender muito mais do que procurava.

Essa é a trama que envolve o longa “Área Q”, que finalizou suas filmagens nas últimas semanas. Entre os que atuam no filme, uma co-produção Brasil/EUA, estão Murilo Rosa, Tânia Kalil e o norte-americano Isaiah Washington, conhecido pelo papel do doutor Preston Burke na série Grey's Anatomy. O diretor Gerson Sanginitto e o produtor Halder Gomes (que trabalharam juntos em “Beyond the Ring” e “The Morgue” - “Cadáveres 2”, no Brasil) conversaram com a Tribuna da Bahia sobre a película.


“Essa é uma historia que eu sempre quis contar. O E.T do Spielberg foi o filme que me fez querer trabalhar com cinema, então, eu sempre tive muita vontade de dirigir um longa que envolvesse elementos de ficcão científica,” conta Sanginitto. Ele admite, entretanto, que encontrou dificuldades nas gravações no interior cearense. Entre elas, a maior foi filmar no sertão em locações remotas e sem estrutura. “E, claro, embaixo daquele sol que não dá sede de jeito nenhum”, brinca. “Fizemos um filme muito complexo em logística,” concorda Gomes. “O maior desafio foi o tempo recorde do projeto e o curto período de pré-producao (duas semanas) e filmagens (quatro semanas)”, completa.

Segundo Halder Gomes, este projeto aconteceu em tempo recorde na producão cinematográfica brasileira. “Em março (deste ano) estive em Los Angeles para desenvolver outro projeto com o Gerson. Na conversa, sugeri que virassemos a mesa e criassemos uma nova história e roteiro que tivesse locação no Ceará e em Los Angeles”, explica. Entre setembro e novembro as filmagens foram concluídas. A ideia do roteiro surgiu pelo fato da região cearense ser referência em pesquisas nacionais e internacionais sobre casos ufológicos. A partir disso, também chegaram ao nome da película: “Área Q” – alusão aos munícipios de Quixadá e Quixeramobim, além de Aquiraz.

Ceará no foco
Na trama de Área Q não há linearidade, comeca em 1979, dá um pulo para 2010, volta para 2009 e termina em 2011. O flme de ficção científica/drama “Área Q” é a primeira co-produção Ceará-Hollywood (Reef Pictures, ATC Entretenimentos, Estação Luz Filmes e Boa Vontade Filmes). Os efeitos visuais são do cearense Marcio Ramos ("Vida Maria"). Mas Halder Gomes avisa: “estamos falando de um filme de atuações em primeiro lugar, porém os efeitos (em computação gráfica e de cena) serão ferramentas para fortalecer a historia.” Entre os atores brasileiros no elenco estão Murilo Rosa e Tânia Khalil, além de um casting cearense.

Amigo antigo do diretor, Murilo Rosa foi convidado por ele a fazer três papéis no filme – que não são três personagens distintos. O diretor explica: “o primeiro é João Batista, um homem do campo, simples, que desaparece em 1979. O segundo é o João B. que reaparece na trama 30 anos depois e se apresenta como um “alienígena”, um “ser inteligente”. E o terceiro personagem é o João B. Junior.” O ator, por sua vez, intermediou a contratação de Tânia Khalil, que contracenava com ele em “Caminho das Índias”. Ela interpreta Valquíria, uma repórter que funciona como um contra-peso para o Thomas. “Ela se torna a voz da razão quando o Thomas começa a se deixar envolver pelos acontecimentos estranhos que estão acontecendo na regiao,” explica.

No desenrolar da trama, Thomas se envolve com a jornalista Valquiria que tenta trazê-lo de volta para a realidade, pois percebe que ele está se deixando levar pelas histórias e crendices da região. O arco do personagem se completa quando encontra João Batista na figura do “ser inteligente” e revela o que aconteceu com seu filho Peter e a nova missao que tem que seguir.

Halder conta que há muito tempo tem lutado para provar a investidores internacionais que o Ceará está preparado para atrair produções estrangeiras. “Seremos a ‘Califórnia’ do Brasil em breve. Área Q representa a concretização da causa de promover o Estado através do cinema e fomentar a indústria regional.” Outros projetos ja estão sendo agendados. A previsão de lançamento do filme é o primeiro semestre de 2010. Além do Brasil, salas de exibição de outros países devem receber o filme. As negociações para isso já estão sendo feitas.

*matéria originalmente publicada em 14.12. 2009 na Tribuna da Bahia
*fotos de divulgação e texto de Dimas Novais

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

6 horas com Dalila

O sol era daqueles de rachar, mas nem por isso a animação era menor. Era o último dia de Carnaval, mas o cansaço parecia não estar fazendo efeito. Na última terça-feira,da folia de 2009, terceiro dia de bloco, os “corujas” aguardavam ansiosamente o comando de Ivete Sangalo para a festa recomeçar. E nem só eles, o folião pipoca estava no chão, nas varandas dos prédios, nas janelas dos apartamentos, nos terraços e em qualquer lacuna que encontrasse para preencher e conseguir ver a artista.

São 15 anos de carreira completados este ano. Com essa experiência acumulada ela sabe se portar frente ao público de uma maneira ímpar. Ao cantar, ao falar, ao levantar as mãos, ao fazer caras e bocas. Tudo é motivo para atrair a atenção das pessoas que estavam bem perto ou mesmo tão longe que precisavam de um binóculo para enxergá-la.


Em volta do trio Demolidor 3 – o novo, luxuoso e imponente “brinquedo”, para não dizer veículo de trabalho, de Ivete – a vibração, que já não era pequena, aumentou e invadiu camarotes e ruas. Eram 14h e as nuvens não davam sinal de que iriam afugentar o sol. “Hoje só vou ficar aqui de baixo, hein?”, brincou a cantora, referindo-se ao pálio (sombreiro) que, acompanhado de uma poltrona sobre o trio, retratava o tema inspirador também de seu figurino: a África. Vestida de Deusa africana, com diversos adereços produzidos pela estilista Patrícia Zuffa, com músicos também a caráter e instrumentos revestidos de ouro, a “guerreira do axé” começava mais um show na Avenida.

Ao cantar “Vem meu amor”, Ivete convidava a multidão a cair na farra. A entrada no “Corredor da Folia”, ponto alto do percurso, teve a trilha sonora de “Cadê Dalila”, música de trabalho no Carnaval da cantora, um "presente" de Carlinhos Brown, como ela mesma diz. Após permanecer 40 minutos no espaço mais midiático do percurso, o bloco deixou o Campo Grande, seguindo em direção à Casa D´Itália. Enquanto isso, casarões charmosos compunham o cenário. A antiguidade da arquitetura e o tom pitoresco das fachadas dos prédios são o retrato do Carnaval baiano genuinamente tradicional. O chão? Não se via. Cada parte dele era recheada pelos que queriam ver Ivete Sangalo. O som que saia do trio era emanado pela extensa Avenida ecoando no público e no concreto dos edifícios. Os paredões laterais que cercavam o trio tratavam de rebatê-lo, devolvendo as vibrações para os músicos.

Este circuito leva os fãs dos artistas sobre seus trios a uma certa “intimidade” (bem entre aspas) com eles. Por onde Ivete passava, mãos estendidas, gritos e choros buscavam por uma mínima atenção dela. Um sorriso, um aceno e um beijo eram suficientes para acalmar e alegrar tietes. Uma multidão que já existia se formou ainda maior com a chegada do bloco na Praça Castro Alves – de cima do trio não era possível avistar espaço vazio nem na Rua Chile. Por cerca de 20 minutos ela fez o povo cantar. Sem parar de mirá-la com os olhos, muita gente ousou seguir o trio no segundo trecho do percurso. Verdadeira ousadia impulsionada por um intenso sentimento de admiração, já que a Avenida Carlos Gomes estava estreita demais para comportar a pipoca. Espremido, o povão tinha que dividir espaço com o também comprimido folião “Coruja”.


Palmas e um som único sendo repetidos inúmeras vezes causaram uma apoteose em frente a um dos prédios da Avenida: era o nome da cantora sendo ovacionado. Ivete deixou cair a máscara de forte e durona. Lágrimas lhe caíram sobre o rosto. A banda parou de tocar e um vento de emoção balançou as estruturas do caminhão eletrizado. Profissionais que trabalhavam sobre o Demolidor, amigos e familiares da artista acompanhavam tudo atenciosamente. "Agradeço por cada cartaz, por cada centavo que muitas vezes vocês deixam de comer, de comprar um sanduíche, pra comprar uma cartolina e escrever uma mensagem pra mim. É por causa de vocês que minha carreira é maravilhosa", disse Ivete com um nó na voz, tentando segurar o pranto. "Se não leio tudo, guardo tudo em meu coração. Mas não posso ficar me ligando nisso demais, se não choro o percurso todo. É muita emoção."

Retornando o repertório da apresentação, a cantora deixou que um dos músicos cantasse uma medley de hits atuais do pagode baiano. Antes disso, o cantor D´Black, que acompanhava empolgado o show, já tinha dado uma canja em "Não precisa mudar" e "Sem ar". Até uma das sobrinhas de Ivete cantou com ela algumas músicas.

Já se aproximava o fim dos seis quilômetros de percurso quando "Alô Paixão", "Beleza Rara" e "Eva" foram entoadas. Ivete agradeceu aos músicos e profissionais de sua produção. Terminava oficialmente o Carnaval da artista. Ontem, pela manhã, extra-oficialmente, ela, Timbalada, Carlinhos Brown e Olodum, fizeram o "Arrastão" da Quarta-feira de Cinzas. Ivete Sangalo agora junta as lembranças de mais uma folia de sucesso e vai curtir férias de um mês com seu namorado, o jovem Daniel Cady, de 23 anos. Dalila, então, vai ficar de lado. Depois de fazer tanta gente se alegrar, é hora de Ivete Sangalo colocar os pés de molho, dar uma trégua na correria e descansar.

*matéria originalmente publicada em 26.02. 2009 na Tribuna da Bahia
*fotos e texto de Dimas Novais


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