terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Mais uma San Galo na música

Com essa leve diferenciação no sobrenome (a separação em duas palavras), Mônica, irmã de Ivete Sangalo, lança Confissões de Madame, seu primeiro trabalho. Autoral, CD e DVD chegam ao mercado através da Universal Music


“Sou uma pessoa muito rigorosa pra avaliar qualquer coisa que tenha relação com a música. Agora me senti preparada”. Assim, se qualifica Mônica San Galo ao falar de “Confissões de Madame”, seu primeiro registro musical. Aos 46 anos, a irmã de Ivete Sangalo chega ao mercado fonográfico pelas portas da frente, afinal, o CD foi gravado ao vivo no ano passsado, no Teatro Castro Alves, e deu origem também a um DVD, ambos lançados pela Universal Music.

“Sempre fui cantora,” diz ela, que estudou música na Universidade Católica de Salvador antes de se formar em Direito pela mesma instituição. “Mas só pensei em seguir uma trilha definitiva depois de criar minha filha”, que agora tem 18 anos. Deixando de lado o papel de mãe, ela vive uma madame, personagem que encarnou para dar cabo ao desejo de fazer o que tanto gosta. A cantora escolheu brincar com o termo “Madame” porque assume que é esse o momento em que se encontra. “A praxe é você começar na música muito cedo e eu estou numa fase mais madura”.


O resultado do amadurecimento é um registro quase todo autoral composto especialmente para a gravação. Apenas duas faixas do disco são dela em parcerias: “Choro Novo, Amor Antigo”, com Duarte Velloso, faixa que tem participação do Grupo Jacarandá, e “Tango Para Madame”, com Saulo Gama. Além disso, há a regravação de “Fanatismo”, poema musicado pelo cantor cearense Raimundo Fagner, no DVD. E como diz o título do registro audiovisual, ela considera o trabalho confessional porque o repertório, em ordem cronológica, fala de suas facetas como mulher: a mãe, a cantora, a romântica, a cheia de fantasias, a observadora.

Ouvinte assídua de rádio AM, ela diz que tudo é inspiração para sua música. “Ouço FM também, mas ela é filha da AM”, faz questão de dizer. Ritmos como o choro, a bossa nova e até o “iê iê iê” a influenciam. Nana Caymmi, Clara Nunes, Angela Maria e Roberto Carlos são algumas das referências para ela.

Com fortes toques teatrais, o DVD é quase uma “opereta de MPB”, brinca Mônica. Apesar de não ser atriz e nem ter pretensão disso, “fiz tudo na base do empirismo”, a dramaticidade nas canções e na cenografia, que exibe mesmo uma madame em seu quarto, foi escolhida para chamar a atenção do público. Entre os destaques do repertório estão “Samba da Vizinha” e “Condicional”, com participação de Lazzo Matumbi. Nos ritmos, uma pluralidade que vai de sambas a boleros, passando por baladas, fox-trote e algo como um arrocha em “Beijo”. Sem parecer ter pudor para dizer o que sente em qualquer melodia ou gênero, San Galo afirma gostar mesmo é de pluralidade - mas nem tudo ela arrisca.

Cantar axé? Não, ela se considera humana demais para isso. Mônica admite ser “altamente foliã” tanto quanto confessa que até gostaria de ser cantora do estilo carnavalesco. Mas, “me falta competência. Pra cantar axé precisa ser um semi Deus”. Ela garante estar na Avenida em 2010, mas para curtir a festa como qualquer mortal. Depois disso, talvez em março, ela estreie o show em Salvador. E quanto ao sobrenome, o dela é o original, garante. O da irmã é que foi apocopado para ser mais comercial.


*matéria originalmente publicada em 16.12. 2009 na Tribuna da Bahia
*fotos de divulgação - a última é a capa do DVD

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