Azul e branco eram as cores que estampavam as roupas das fãs declaradas mais assíduas, palheta preferida do astro da noite. Netos com avós, casais e predominatemente senhoras de meia-idade compunham o imenso público que encheu o Estádio de Pituaçú para assistir a um dos principais shows do ano em Salvador. A expectativa era grande, afinal, já havia quatro anos que o rei da música romântica brasileira não se apresentava na cidade. Mas chegou o instante tão aguardado e Roberto Carlos lançou emoções a uma plateia estimada em 30 mil pessoas, na noite do último sábado, por duas horas, durante o espetáculo “50 anos de música”.
Após uma introdução de quase 10 minutos da orquestra RC, que acompanha o cantor na turnê, Roberto Carlos subiu ao palco para iniciar o show da forma mais tradicional, cantando “Emoções”, pouco depois das 21h40, com 40 minutos de atraso. Inteiramente vestido de branco, disse, em seguida: “que prazer rever vocês. Mais uma vez em Salvador. Pela primeira vez no Estádio de Pituaçú. É uma alegria estar com vocês neste show da minha vida.” Após agradecer aos patrocinadores, finalizou: “gostaria de dizer muitas outras coisas, mas meu negócio mesmo é cantar”. “Eu te amo, te amo, te amo” e “Além do Horizonte” deram prosseguimento a apresentação.
O estádio ainda tinha espaços vazios na arquibancada. A previsão da produtora do show era que comparecessem 32 mil pessoas, mas, ao término do evento, a assessoria estimou duas mil a menos. “Essa canção gravei há muito tempo, mas quem fez mesmo sucesso com ela foi Claudinha Leitte, essa baiana maravilhosa,” declarou Roberto Carlos antes de entoar “Amor Perfeito”. Com violão em punho, ele seguiu cantando “Detalhes”, quando o público o aplaudiu intensamente. “Aquela Casa Simples”, “Nossa Senhora” e “Mulher Pequena” continuaram o set-list.
“Hoje, a gente não viu a novela, hein? Vocês não viram a novela porque vieram me ver. Obrigado. E eu não vi porque vim ver vocês. Tô ganhando. Tô na vantagem”, comentou, antes de cantar “A Mulher que Eu Amo”, canção que faz parte da trilha sonora da novela Viver a Vida. Em uma apresentação com pitadas mais sensuais que o comum, Roberto contou que a data simbólica de 50 anos de carreira, celebrada este e no próximo ano, o fez refletir sobre a infância, a vida e Cachoeira de Itapemirim (cidade natal), chegando a conclusão de que o mais difícil é pensar na sua vida sem as canções. O artista ainda falou do fascínio que sente, desde criança, pelas estradas e pelos caminhões. “Às vezes penso que se eu não fosse cantor, sei lá, bicho, acho que eu seria caminhoneiro.” Em uma noite nostálgica, o rei compartilhou íntimas emoções com seus súditos, que reagiam a cada comentário.
Estrutura e recepção de majestade
Uma iluminação de incrível apuro técnico. Enquanto isso, quatro telões em alta resolução ficavam com a responsabilidade de levar as expressões faciais e gestos do artista ao público que, do lado oposto ao palco, nas arquibancadas, até usava binóculos para enxergar o astro. “Eu sempre digo que ninguém vive uma emoção dessa sozinho. (...) Eu tô vendo que aqui também é igual. Já que á assim, vamos terminar essa canção juntos. E com o coro dos fãs finalizou “Outra Vez”.
“Eu gostaria durante minha vida toda falar do amor bem sucedido. Mas não foi isso que eu fiz porque a vida não é bem assim. Essa canção, por exemplo, fiz no momento de muita tensão, pra não dizer outra coisa. Tava muito bravo,” revelou, cantando depois “Do Fundo do Meu Coração”. “Mas em outros momentos fiz outros tipos de canções. Que bom que a vida tem isso. Há momentos que nos causam dor, mas há momentos de alegria e até prazer. “Eu te proponho” e “Os Seus Botões” ilustraram o discurso. “Mas aí veio a noite e a noite todo mundo faz... os planos do dia seguinte”, falou divertindo o público. “Café da manhã”, encerrou o tom mais malicioso da noite.
A participação da orquestra sinfônica de São Paulo abrilhantou ainda mais todo o show. Guitarras pesadas abriram o momento Jovem Guarda, com “É Proibido Fumar” e “Namoradinha de um Amigo Meu”. Perto do fim, Roberto dedicou “Como É Grande o Meu Amor por Você” ao público e seguiu com “É Preciso Saber Viver” e “Jesus Cristo”, encerrando a noite com uma larga distribuição de rosas. Botões vermelhos e brancos eram disputados por um público que se amontou em frente ao palco - não só mulheres, aliás, disputaram espaço no gargarejo. Demonstrando estar satisfeito com o espetáculo, o vice-presidente da Caco de Telha, e sócio da cantora Ivete Sangalo, Ricardo Martins, comentou: “acho que foi a realização de um sonho pra gente fazer essa produção para o público baiano, que respondeu muito bem. E o Estádio se consolida como uma nova área de shows de Salvador, a cidade estava precisando.”
*Texto e fotos de Dimas Novais exclusivas para o Cenas Por Grama
São tantas emoções hehehe! Digamos que RC em Salvador é quase atração internacional, pela grandiosidade do show.
ResponderExcluirÓtimo texto Dimas!
Uau, que cobertura completa! Adorei! Virei fã do blog! Parabéns pelas fotos, estão ótimas!Beijos, Vanessa Alonso
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