terça-feira, 27 de outubro de 2009

“Me vejo e me reconheço para sempre um Novo Baiano”

Moraes Moreira e Davi Moraes durante gravação do DVD

Quatro décadas depois de dar o pontapé para o início de um grupo que se tornou marco na história da juventude brasileira, Moraes Moreira lança “A história dos Novos Baianos e outros versos”. Este novo trabalho teve participação de um dos seus dois filhos, o músico Davi Moraes, e inclui CD e DVD. A apresentação do registro aos baianos aconteceu na última segunda-feira, à noite, durante sessão de autógrafos na Livraria Saraiva do Shopping Salvador.

O show de gravação foi realizado na Feira de São Cristovão, centro cosmopolita de reunião da cultura nordestina, no Rio de Janeiro, em junho de 2008, e revive os 40 anos de história musical de Moraes Moreira, apresentando além da biografia dos Novos Baianos, sua carreira solo e, ainda, canções inéditas. Neste trabalho, que chegou às lojas esta semana, ele não só canta, como conta na forma de cordel toda uma história a partir de sua visão. A idéia surgiu de um livro homônimo lançado em 2007. A repercussão positiva e a evolução dos pockets shows que fazia em apresentações com banda de suporte e grandes produções impulsionaram Moreira a querer alçar vôos mais altos.

“Começo dos anos 70. Foi um momento de glória, prometo agora contar. Sem medo, os Novos Baianos entram no trem da história e não podiam parar”, diz o cantor, antecedendo “Brasil Pandeiro”, no DVD. Na primeira parte do show, Moraes canta e conta a trajetória do grupo. Passeia por canções como "Ferro na Boneca" e "Colégio de Aplicação", do primeiro LP, além dos clássicos que insistem em povoar a mente de muitos fãs saudosos, como "A Menina Dança", "Acabou Chorare", "Mistério do Planeta", "Brasil Pandeiro" e o hino da geração paz amor, "Preta Pretinha". Na outra parte da apresentação, Moreira abre as cortinas para o regionalismo brasileiro. Sucessos como "Meninas do Brasil", "Lá vem o Brasil Descendo a Ladeira", "Sintonia", "Forró do ABC", "Eu Também Quero Beijar", além de homenagens a Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro, compõem o repertório. Duas inéditas, "Spok Frevo Spok" e "Oi", fazem a ponte, e aí chega o carnaval. Forma-se o "Bloco do Prazer" e o “Chame Gente” transforma o palco numa "Festa do Interior".

Qual é a essência dos Novos Baianos? “Brasil”, responde Moreira. Para ele, o grupo foi formado por “uns meninos que saíram do interior acreditando no Brasil. É uma turma que se afinou não por laços de sangue, mas por laços das idéias, dos ideais. Estávamos antenados com o tropicalismo”. Da história dos NB, Moraes Moreira destacou “Preta Pretinha” como a mais popular composição da dupla Moreira e Galvão. “Essa parece que tem dois acordes só, qualquer músico iniciante sabe tocá-la”, brincou. Além disso, “Acabou Chorare” é relembrada como um momento mágico, como um período sublime dos Novos Baianos.” O ponto alto da poesia, da letra e até do modo de tocar violão do grupo”.

E os Novos Baianos, voltam?
Se depender de Moraes Moreira, os Novos Baianos já fazem parte da história antológica da MPB. Por isso, um retorno seria improvável. Presente no evento, Galvão, por sua vez, estava acompanhando o lançamento do amigo, com a cabeça fervilhando de idéias. São novos projetos que visam o tão esperado retorno da banda. Para que os caminhos dos cinco se encontrem novamente, ele contou que está captando recursos para viabilizar uma gravação de CD e DVD ainda este ano e para fazer uma turnê dos Novos Baianos juntos, todos juntos. Segundo ele, Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo e Pepeu Gomes sabem de sua proposta e já toparam, mas Moreira não sabia, pelo menos até aquele momento. Contudo, saberia naquela mesma noite. “Hoje minha experiência é maior e minha empolgação é a mesma. Já nem uso mais drogas. A volta dos Novos Baianos com Moreira seria uma força maior”, disse.

Questionado, então, sobre um possível retorno dos Novos Baianos, Moraes Moreira foi claro: “se a gente se separou é porque não tava numa boa. A gente tava num momento em que as coisas não estavam fluindo bem.” E sobre o projeto de retorno dos Novos Baianos ele foi veemente. “Acho difícil, não impossível, claro, mas acho difícil. A vida mudou”. E justifica afirmando que o contexto de vida dos integrantes da antiga banda é outro hoje. “As pessoas não continuam iguais. Se for para fazer algo que não chegue de novo em um nível de excelência, prefiro não fazer”. Sobre voltar para o carnaval de Salvador, falou: “ou venho com dignidade para o carnaval da Bahia, com o respeito que mereço, afinal eu prestei um serviço, continuo fazendo fora do Estado”. Ele ainda comentou sobre a indústria cultural que o axé produziu nos últimos anos: “o axé tomou conta porque deixaram. Tem que equilibrar o bom negócio e a responsabilidade cultural”.

Os caminhos de Moreira apontam para shows de apresentação do DVD e o lançamento de um livro em 2010. Em Salvador, ele pretende tocar ainda este semestre, provavelmente na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Já outro livro, o “Novos Elétricos”, que está escrevendo sobre os 60 anos do trio elétrico, deve chegar às lojas no início do próximo ano. De acordo com Moreira, há muito trabalho inédito dos Novos Baianos para sair, então não vai ser preciso um retorno do grupo para que essa história seja relembrada e reproduzida. “Me vejo e me reconheço para sempre um Novo Baiano. Se pudesse, faria tudo de novo”, afirmou durante o concorrido evento. Pela disposição, esse Novo Baiano deve continuar a fazer história por muitos anos ainda, mas com versos só seus.


*matéria originalmente publicada na Tribuna da Bahia
*fotos de divulgação

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Canto axé sim, Senhor

Cantar axé sobre um trio elétrico pode ser uma atitude profana para cristãos fervorosos. Letras sensuais, e até sexuais, ou que falam de candomblé, e as bebidas alcoólicas são considerados fatores que afastam o carnaval de Deus. Entretanto, muitos artistas do axé seguem as palavras da Bíblia sem deixar a folia de lado.

“Tem quase três anos que sou cristão. Independente do que eu cante, levo Deus no meu coração. Não incentivo ninguém a se embriagar e sim a se amar”, diz o vocalista da banda Chica Fé, Sergio Fernandes. O cantor é apenas um dos diversos artistas do axé music que consideram-se seguidores dos ensinamentos da Bíblia. Abraçar alguma doutrina ou Igreja? Ser evangélico? Não. Eles se auto-intitulam cristãos apenas. Para afastar possíveis preconceitos (ou não), eles costumam dizer que tem “uma espiritualidade” ou que são “servos de cristo” – mesmo que frequentem constantemente apenas uma Igreja.

“Minha relação com Ele é muito individual, não gosto de seguir pessoas, dogmas. Sigo o meu coração”, conta Sergio quando entrevistado na Comunidade Evangélica Artistas de Cristo (CEAC), na Pituba, após um culto. O Bispo Ivo Dias, que fundou a Igreja em 2000 e que hoje possui 400 adeptos, confirma
que essa postura é a mesma da maioria dos artistas. Frequentada também por Xandy (Harmonia do Samba), Carla Perez, Paula Cristinny (ex-Levada Louca), Gilmelândia, Mano Moreno (ex-Braga Boys), Alinne Rosa (Cheiro de Amor), Maristela Muller, entre outros nomes da música baiana, a Igreja dos Artistas parece ser a mais procurada entre os profissionais do ramo. O motivo de tanta predileção? “Aqui ninguém é incomodado pelo que tem ou pelo que não tem”, conta o Bispo. Lá eles conseguem ser pessoas comuns, não são abordados por fãs, ficam à vontade e ainda se simpatizam pelo clima musical que, claro, a Igreja tem. “Mas a CEAC é eclética, é para todos os segmentos sociais”, segundo Dias. Ele realizou o casamento de Claudia Leitte e contou que ela e sua família já frequentaram bastante a Igreja anos atrás. Ivete Sangalo também já foi lá. Fez uma visita, mas foi única, não voltou mais. Para levar os ensinamentos da Bíblia aos músicos durante o Carnaval, Bispo Ivo criou um programa de visita aos trios elétricos. Ele afirma que não interfere na vida profissional dos artistas: “dou orientação profissional, faço terapia emocional”.

Para quem acha que as pessoas só se tornam evangélicas em momentos em que suas vidas não andam de “vento em polpa”, Mano Moreno é um exemplo contrário. Ele foi cantor do Braga Boys, banda que estourou no Brasil e ganhou prêmios no Carnaval de 2001 com a música “Bomba”, tradução de uma música em espanhol. No auge do sucesso do grupo, em um dia de desfile naquele Carnaval foi feita uma corrente de oração no final do percurso. Aquilo o emocionou de tal forma que, a partir dali, o vocalista passou a olhar Deus de outra forma. “Foi pelo amor, não pela dor”, explica. Enquanto isso, o hit colava como chiclete nas rádios de todo o país. Mas, como pólvora, a banda explodiu e sumiu. Hoje, Moreno assume os vocais do Terra Samba, e espera nunca mais deixar de frequentar a Igreja. “Estou no mercado da música secular (comercial, na linguagem cristã), nenhum lugar da Bíblia fala sobre isso”, comenta Moreno, que ainda diz que ao tocar, às vezes as pessoas percebem que há algo de diferente nele, mas não sabem dizer o que é. Épico no axé, Cid Guerreiro agora se dedica exclusivamente à música gospel

Enfim, alguém confessa: “sou evangélico”

No dia da apuração desta matéria, a banda que tocava no palco da CEAC era formada por músicos das bandas de pagode Harmonia do Samba e Saiddy Bamba. São os levitas, que louvam a Deus através das artes. Percussionista do Harmonia, Márcio Gomes neste dia não subiu ao palco, mas participou do culto e contou como é sua relação com a Igreja. Ele deixou o cigarro, a bebida e a vida de mulheres fora do casamento após conhecer a “palavra de Deus”. Gomes aceitou Jesus há seis anos, mas convertido está há dois. Ele, sim, se considera evangélico. “As pessoas radicalizam muito. Ser evangélico é ser simples, é ter intimidade com Deus”, diz. Músicas que cultuam outros deuses (a exemplo dos orixás), que tanto são tocadas nos show de axé, o incomodavam muito, mas aprendeu que pode tocá-las, afinal, para ele “a Bíblia diz que temos que ser submissos aos nossos líderes aqui na Terra”. Dos 14 componentes da banda, apenas quatro ainda não se converteram. “Antes dos shows temos um encontro com Deus”.

Figura de contribuição considerável ao axé music e compositor de sucesso, Cid Guerreiro anda afastado da mídia há alguns anos. O cantor revelou que se despediu da música secular, “dessa vida” de trios elétricos e folia de Momo. Convertido há três anos e meio, Cid conta que não faz show há sete meses porque Deus tocou o seu coração. “Nos últimos dois carnavais cantei as letras das músicas de axé em geral, mas no coração tentava apaga-las”, confessa. Ano passado, após trocar a palavra “Diabo” por “Jesus Cristo” quando cantava “We are Carnaval”, refletiu ainda mais sobre a questão e decidiu deixar mesmo a folia. O álbum “Guerreiro de Deus”, então, foi produzido e será o primeiro dele no estilo gospel, a ser lançado em breve. Cid é uma exceção, pois o estrelato fala mais alto que a dedicação exclusiva a Deus para a maioria dos artistas que dizem amém às Igrejas e aos trios elétricos simultaneamente. Pedindo bênçãos, eles fazem axé sim, Senhor.


Foto 1 - Sergio Fernandes, da Chica Fé
Foto 2 - Mano Moreno integra, agora, o Terra Samba
Foto 3 - Épico no axé, Cid Guerreiro agora se dedica exclusivamente à música gospel


*matéria originalmente publicada no blog lupa.facom.ufba.br
*fotos de divulgação

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Pássaro amarelo

É um amarelo que ofusca, irradia e ilude.
Sem antes avisar, toma conta e fica, se não à vista, na recordação.
É um azul que direciona, hipnotiza e umedece.
Mas não traça linha paralela. Não rente, desvia da reta e sai pontilhando... até que some.
É um verde vivo, rico e seco.
Imensidão de formas, sons e imagens que tardam, mas lembram: pássaros multicoloridos dessa enigmática terra batem asas e se extraviam no horizonte.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Alemão descobre o inferno no Brasil

A ambição fez Rodger Klingler ver além das belezas brasileiras. O horror o levou a escrever um livro biográfico chocante

As mais belas garotas, o sol mais relaxante e o baixo custo de drogas. Deslumbrado com uma nova realidade de vida que encontrara em terras brasileiras, Rodger Klingler decide se arriscar a fim de tirar proveito das facilidades que o país lhe oferecia. Da fria e úmida Alemanha, ele saia em direção a um paraíso ensolarado chamado Brasil. Mas o que encontrou foi um mundo sujo, corrupto e infernal. Em “Memórias do Submundo – um alemão desce ao inferno no Rio de Janeiro”, ele conta de forma biográfica seus quatro anos de reclusão nas penitenciárias de Água Santa, Galpão e Lemos de Brito, essa última, a maior do Estado da Bahia. A obra literária de 384 páginas, da Editora Best Seller, já está à venda.


Em sua terceira visita ao Rio de Janeiro, Rodger Klingler tinha um objetivo traçado: comprar um quilo de cocaína para contrabandeá-lo de volta para a Alemanha. Na tentativa de deixar o país, em 1984, ele foi detido e teve que encarar humilhações e aprender com a vida que levou nos quatro anos subseqüentes, o valor de um cobertor, de um colchão, de uma simples escova de dente e principalmente da honestidade. “Tem lugares neste mundo que a vida humana não vale nada. Mas no mesmo lugar também há amor, calor humano. Aprendi a sobreviver nos chãos e mais, a conviver com estas situações”, conta Klingler, diretamente de Ingolstadt, Alemanha, onde vive com sua esposa e uma filha de 13 anos. Lá, ele trabalha com jovens desajustados numa escola da cidade, perto de Munique.

Em sua passagem pelo maior complexo penitenciário da Bahia, ele já era experiente no assunto, pois havia estado por outras duas prisões. Por lá permaneceu cerca de dois anos e meio. E foi lá que conheceu o prof. Arthur, quem, segundo Klingler, o fez um homem honesto. “Na verdade, virei outro homem. De Saulus à Paulus.” Para o alemão, apesar de toda cadeia ter suas peculiaridades, todas são verdadeiros infernos, submundos. “Ninguém neste mundo merece uma coisa destas”, pontua. Sobre esse período de sua vida carcerária, relata um trecho de seu livro: “Aqui no Lemos de Brito a coisa era totalmente diferente do que eu havia conhecido até então. Eu não podia acreditar nos meus ouvidos quando, no meu primeiro sábado, logo depois das 14h, ouvi de repente vozes de mulheres no corredor. Podia ser verdade? Sim, estava certo. (...) Por mais que se pudesse ter uma impressão negativa dos presídios brasileiros, no que diz respeito a visitas eles eram substancialmente mais humanos que na Alemanha, onde é preciso se dar por satisfeito com apenas duas horas por mês, e isso com supervisão de um funcionário”.

Registro de tristes impressões
O livro começou a ser idealizado 15 anos atrás, uma década depois de sua prisão. Ele, que queria chamar a atenção para as condições dos presídios do país, conseguiu alcançar seu objetivo: a obra é chocante desde as primeiras páginas. “Como escritor, achei que a história valia a pena ser escrita. Também foi uma promessa que fiz ao prof. Arthur”, explica. Em apenas cinco meses escreveu a biografia, finalizando-a em 2004. Mesmo depois de ter registrado sua história na obra – certamente ele não se orgulha dela -, Klingler conta que seus familiares não o perdoaram pelo crime que cometeu. Sobre a saída da prisão e a tentativa de retorno ao convívio em sociedade, comenta: “foi duro porque tinha que organizar a minha vida novamente. Mas nos piores momentos, a gente cresce e aprende. O pior de tudo é que a minha família não quis saber mais de mim, até hoje. Paguei um preço muito alto pelo que fiz”.

Rodger Klingler ainda assim acredita na reeducação de um detento. Mas, para isso, o sistema prisional do Brasil precisa sofrer mudanças. “O governo tem que criar as circunstâncias para que isto possa virar realidade“, afirma. “Em Memórias do Submundo”, percebe-se o porquê. Corrupção, violência consentida e ódio acumulado são algumas das mazelas incessantemente alimentadas por um sistema desumano. Ressocialização? Página a página, o leitor vai entender, através de relatos detalhados, o motivo de carcerários brasileiros fugirem ou mesmo cumprirem suas penas e depois retornarem à sociedade mais violentos e perigosos. Para o alemão, a experiência foi uma dura lição aprendida. Enquanto o submundo parece ter lhe feito um ser humano melhor e mais forte, suas memórias são hoje seu impulso para dar rumos mais saudáveis à própria vida, é o que ele garante.


*matéria originalmente publicada na edição da Tribuna da Bahia do dia 10.10.09
*fotos por Edgar de Souza

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Marcelo Nova leva rock´n roll ao TCA

Palavrões, roupas pretas, bateria e guitarras. O baiano Marcelo Nova levou, finalmente, rock´n roll ao Música Falada. Na 9ª edição do evento, realizado na última terça-feira, 6 de outubro, nada de agogô, pandeiro ou qualquer vestígio de axé. Naquela noite, o rock foi soberano no Teatro Castro Alves. E o público, embora não tenha lotado a casa, estava fervoroso. Apresentado como “um homem que resolveu ser fiel a si mesmo”, o ex-vocalista da Camisa de Vênus contou curiosidades sobre a vida pessoal e o antológico grupo.

Um coro já podia ser ouvido antes do show começar. Eram os fãs ansiosos pela entrada do roqueiro. O irreverente e franco artista subiu ao palco, então, ao seu estilo “desbocado” e soltou logo a primeira canção que gravou na carreira, cujo refrão, símbolo de seu discurso, diz: “a cidade do axé, a cidade do horror”.

Os apresentadores, Fernando Guerreiro, André Simões e Jonga Cunha, fizeram perguntas em meio às músicas tocadas por Nova e sua banda, conduzindo a noite. O cantor falou sobre como se sente deslocado do universo musical e comportamental baiano desde a adolescência. Até hoje, ele não nega ser uma antítese do que a indústria da música propõe e a grande maioria dos artistas seguem. “O que eu vou fazer no prêmio da MTV? Eu sou vira-lata, aquilo ali é pra poodle.”

MF no ar, com Jonga Cunha, Fernando Guerreiro e André Simões

Transgressão
A ligação que criou desde cedo com o rock´n roll não veio de influências familiares
ou de amigos. Segundo Nova, foi puro instinto. Enquanto sua irmã ouvia João Gilberto e os pais não tinham hábito de escutar música, a primeira transgressão que teve ocorreu aos nove anos, ao ouvir Little Richard e pular no sofá de casa. “A selvageria da sonoridade do rock me atraiu em contraste com a placidez da minha casa,” revelou.

Missionário do rock, Nova não observa com bons olhos o pop rock emo produzido atualmente. “Hoje em dia é mais um exercício do marketing”. Para ele, a função das bandas do gênero parece ser a de entreter apenas. E sobre o término da Camisa de Vênus, afirmou ter acontecido na hora certa. “Todo adolescente pensa ou já pensou em ter uma banda. Tem uma coisa juvenil aí muito forte”, opinou. E essa juventude transviada passou a cansá-lo. Houve um momento em que Marcelo começou a achar chato manter a marra de vocalista de rock. Além disso, certos caminhos do grupo geravam divergências entre os membros, que pensavam muito diferentes.

Embora seja um consumista assumido, Nova contou ter recusado alterar o nome da banda por um contrato com a Som Livre (gravadora da Rede Globo). “A esposa de Roberto Marinho não queria uma banda com esse nome no Fantástico”, disse. Pouco tempo depois, a banda fez sucesso e a Rede Globo resolveu aceitá-la.

No palco, o antológico rock de Nova

O grupo, aliás, foi formado para esculhambar a Bahia mais que por qualquer outro motivo. O que Nova fazia (e ainda faz) é desmisticar a áurea de cidade símbolo da alegria que, para ele, a classe artística criou e envolveu Salvador. “Essa Bahia mítica não existe. Carmem Miranda nunca esteve aqui, Dorival Caymmi nasceu e morreu no Rio de Janeiro." Marcelo Nova ainda falou que já cheirou cocaína três vezes e não gostou. “Achei uma merda!” Essas e outras histórias foram contadas em meio a canções como “A Balada do Perdedor”, “Coração Satânico”, “Cocaína” e “Hoje”.


*matéria originalmente publicada na edição da Tribuna da Bahia do dia 10.10.09
*fotos por Edgar de Souza

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Mais Vídeo Music Brasil 2009

Marcelo Tas, espião do CQC

Sarah Oliveira, Marina Person e Didi Wagner, três gerações de VJs

Intruso mais os Móveis Coloniais de Acajú

Penélope Nova bem discreta

Ronaldão e sua fofômena

Festa VMB: show de Rogério Flausino, Nando Reis e Samuel Rosa

Os caras da Fresno, a grande vencedora da noite

O tremendão Erasmo antes de um grande show

Para Forfun (banda de reggae-rock), o prêmio de Melhor Artista de Rock do Ano (?!)

Melhor Instrumental: Pata de Elefante
*fotos por Dimas Novais

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Video Music Brasil 2009

Acesse as coberturas para o Terra Magazine (VMB não vive mais só de música) e para a Tribuna da Bahia (Baianos são eleitos Aposta MTV).

Abaixo, olhares de um repórter baiano na 13ª edição do VMB, realizado pela MTV Brasil, em São Paulo, dia 1º de outubro.

Cazé apresentando o VMB Antes, no Estúdio S

Luiza apresentando o VMB Antes

Fernanda Takai sem querer deixa o prêmio escapar

Dani Calabresa e Marcelo Adnet durante um tango, no Credicard Hall

De Glasgow para o VMB Brasil, três do quarteto Franz Ferdinand

Ja Rule e Wanessa (com W e sem Camargo mesmo)

O casal Marcelo Camelo e Mallu Magalhães

A cara de mal de Samuel Rosa

A noite de sonhos dos garotos da Vivendo do Ócio

Pitty, baiana arretada


*fotos por Dimas Novais

sexta-feira, 2 de outubro de 2009