sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Os novos ventos de Luiza Possi

Aos 25 anos, a cantora carioca Luiza Possi possui uma carreira que muito evoluiu desde seu primeiro disco, o pop adolescente “Eu sou assim” (2002), até o DVD “A vida é mesmo agora” (2007), em que passeia pela MPB. A filha de Zizi Possi, que segue rumos próprios e cada vez mais modela uma identidade, está lançando o CD “Bons Ventos Sempre Chegam”. A artista falou à Tribuna da Bahia sobre sua evolução ao longo desses quase 10 anos de carreira e sobre a concepção do novo álbum.

Uma cantora mais exposta. Isso é o que se percebe nesse novo álbum de Luiza Possi, que chegou às lojas no mês passado. Entre as 13 faixas, seis são a
utorais. “O disco só aconteceu porque isso tava muito latente em mim”, diz. Entretanto, a única canção que assina sozinha é “Queixo Caído”, uma balada com pegada pop de onde saiu a frase que dá nome ao disco: “Bons Ventos Sempre Chegam”. As outras cinco são suas em parceria com Dudu Falcão, compositor de sucessos da música brasileira na voz de artistas como Daniela Mercury, Sandy e Júnior, Fafá de Belém e Lenine. E é a faixa que Dudu assina sozinho, “Tudo Certo”, a primeira música de trabalho do disco que já está tocando nas rádios. Mas quem abre o CD é “Vou Adiante” (Lokua Kanza e Fredeique Alie, com versão de Chico César), que conta com Marcos Suzano na percussão e com violão e voz de Lokua. Na letra, “Hoje vejo as coisas / Diferente do que vi / Meu ritmo conheço / E ano mais sem medo” é a tradução do momento artístico e pessoal de Luiza.


Juventude latente
Sem querer dar um clima tão romântico ao álbum, a cantora quis gravar músicas que se contrastassem com “Paisagem” (Luiza Possi e Dudu Falcão), uma canção suave que conta com dois violinos e um naipe de cordas. ”Queria um clima mais pra cima, uma cara mais jovem”, conta. Nessa faixa, Luiza exercita uma prática que a fez aprender muito sobre música: a de tocar piano. Seguindo uma corrente incomum, ela revela que só entendeu o ritmo do violão depois que aprendeu a manusear o instrumento de teclas. “Através do piano comecei a entender a música e o violão. Quando tentei começar a tocar violão, não conseguia entender a música. Depois do piano é que eu comecei a compor”, explica.

“Ao Meu Redor” é uma das faixas das quais mais se espera, já que ela é uma composição de Samuel Rosa e Chico Amaral. Um pop rock com estrofes realmente diferentes na melodia, mas com refrões que dizem pouco musicalmente. “Essa foi a primeira música que chegou e eu já gostei logo da letra”, comenta. A cara de trilha sonora de novela é a canção “Pode me dar” (Lula Queiroga). Em homenagem à Zizi, ela canta “Minha Mãe” (Luiza Possi e Dudu Falcão), uma mistura de ciranda e samba de roda, embora pop. Para ela, a maturidade na voz e na postura de palco foi alcançada com a estrada, já que foi através da experiência de fazer shows em várias cidades, principalmente no sul e no sudeste do país, que a levou a isso.


Produção do disco
O álbum levou cerca de quatro meses pra ficar pronto. “Entrei em estúdio no começo de dezembro e entreguei em abril”. Para ela, que entre o lançamento de um disco em 2006 e esse momento lançou um DVD (seu primeiro, ao vivo), um disco tem uma vida útil de um ano e meio a dois anos - “podendo se tornar atemporal dependendo do trabalho”. Um sinal de que está na hora de gravar um outro trabalho é quando ela se cansa do anterior.

À despeito de uma capa de disco em que Luiza aparece quase como uma boneca, um bibelô, envolta por uma áurea de arte, no encarte ela se mostra mais “moleca”, em algumas das imagens com maquiagem borrada, em uma banheira, “sem disfarce, sem nada”, como ela mesma diz. E essa fase um pouco mais escancarada da artista os baianos vão ver em breve, palavras dela. Mesmo sem um show ainda marcado em Salvador, a jovem diz que não pretende demorar a soprar seus ventos por aqui.


*matéria originalmente publicada em 14.07. 2009 na Tribuna da Bahia
*a foto 1 é a capa do disco e as demais são de divulgação
* texto de Dimas Novais

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