terça-feira, 6 de julho de 2010

“Perdi a ingenuidade”, diz Ana Carolina

Dez meses após realizar apresentação no Festival de Verão Salvador, Ana Carolina retorna à terra para lançar o disco “N9ve” e o DVD “N9ve + 1”, recém-chegado às lojas. O show celebra uma década de carreira e possui ares cinematográficos sob direção e cenografia de Bia Lessa, que dirigiu Maria Bethânia em “Brasileirinho” e no recente “'Amor, Festa e Devoção”.

No repertório, a cantora mineira equilibra novos registros com um resgate de canções antigas de sua discografia, como “Nada Pra Mim”, “A Canção Tocou Na Hora Errada”, “O Avesso Dos Ponteiros” e “Que Se Danem Os Nós”. Além disso, ela escolheu interpretar também as inusitadas “Odeio”, de Caetano Veloso, “Bom dia”, de Swami Jr, ‘Essa Mulher”, de Arnaldo Antunes, e “Não Quero Saber Mais Dela”, do Fundo de Quintal – todas canções inéditas em sua voz. Ana Carolina estará acompanhada por Marcelo Costa (bateria), Leonardo Reis (percussão), Danilo Andrade (teclados), André Rodrigues (baixo), Dirceu Leite (sopros), Yura Ranevsky (cello) e Pedro Baby (violões e guitarras). Em entrevista por e-mail, a artista contou, entre outras coisas, detalhes da turnê.

Em 10 anos de carreira o que mais mudou em você como artista? E o que mais aprendeu?
Ana Carolina - Perdi a ingenuidade, ganhei mais amigos, lutei, trabalhei bastante e só posso dizer que valeu muito a pena!

O que o público pode esperar como principais diferenciais do atual show para a turnê “Dois Quartos”, além do repertório dos novos CD e DVD?
AC - Nesse trabalho, no DVD, eu privilegiei bastante o samba. A influência do jazz fica bem evidente na música "traição", porém devo lembrar que no disco “N9ve” os sambas foram também privilegiados, acho que naturalmente o disco resultou mais sofisticado. Estou adorando fazer o show. Eu quis trazer para a apresentação as músicas que acredito as pessoas querem ouvir, mas também outras que são muito significativas pra mim nestes 10 anos, e as surpresas que eu sempre gosto de ter no show. São todas canções com um significado pessoal na minha vida e as que eu canto de outros autores são músicas que a cantora Ana Carolina escolheu pra cantar por que gosta muito. Sem muito mistério...

Como foi escrever o roteiro de espetáculo junto a Bia Lessa para comemorar uma data tão emblemática?
AC - Sempre quis trabalhar com a Bia, criamos um conceito e a partir daí ela projetou um cenário que lembra um set de cinema. O roteiro foi bem amarrado. Algumas canções ficaram de fora, não tem jeito, e estou cantando músicas bem emblemáticas para mim.

Haverá algum diferencial do show em solo baiano dos demais apresentados até então nessa turnê? Que canção você precisou tirar do setlist que mais lhe fez falta?
AC - É o mesmo show, o ‘N9ve’, que estreou em São Paulo e vai correr o Brasil em 2010. Eu não me conformo com o fato de "Carvão" não entrar no set-list, porém, na escolha do repertório (que é muito grande), "Carvão" não pôde entrar. Mas existirão outras turnês e com certeza uma hora irei revisitá-la.

Você expõe uma dose alta de intimidade em suas composições, como você equilibra isso com a sua privacidade?
AC - Não faço músicas somente inspirada nas coisas que me acontecem. Sobre a privacidade e o assédio da mídia, às vezes dá vontade de matar e às vezes chega a me dar uma alegria, é engraçado o misto dessas sensações. Mas ser uma cantora não pode ser um impedimento para levar uma vida normal.


*matéria originalmente publicada em 12.12. 2009 na Tribuna da Bahia
*fotos de André Schiliró
* texto de Dimas Novais

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