
São 15 anos de carreira completados este ano. Com essa experiência acumulada ela sabe se portar frente ao público de uma maneira ímpar. Ao cantar, ao falar, ao levantar as mãos, ao fazer caras e bocas. Tudo é motivo para atrair a atenção das pessoas que estavam bem perto ou mesmo tão longe que precisavam de um binóculo para enxergá-la.

Em volta do trio Demolidor 3 – o novo, luxuoso e imponente “brinquedo”, para não dizer veículo de trabalho, de Ivete – a vibração, que já não era pequena, aumentou e invadiu camarotes e ruas. Eram 14h e as nuvens não davam sinal de que iriam afugentar o sol. “Hoje só vou ficar aqui de baixo, hein?”, brincou a cantora, referindo-se ao pálio (sombreiro) que, acompanhado de uma poltrona sobre o trio, retratava o tema inspirador também de seu figurino: a África. Vestida de Deusa africana, com diversos adereços produzidos pela estilista Patrícia Zuffa, com músicos também a caráter e instrumentos revestidos de ouro, a “guerreira do axé” começava mais um show na Avenida.

Este circuito leva os fãs dos artistas sobre seus trios a uma certa “intimidade” (bem entre aspas) com eles. Por onde Ivete passava, mãos estendidas, gritos e choros buscavam por uma mínima atenção dela. Um sorriso, um aceno e um beijo eram suficientes para acalmar e alegrar tietes. Uma multidão que já existia se formou ainda maior com a chegada do bloco na Praça Castro Alves – de cima do trio não era possível avistar espaço vazio nem na Rua Chile. Por cerca de 20 minutos ela fez o povo cantar. Sem parar de mirá-la com os olhos, muita gente ousou seguir o trio no segundo trecho do percurso. Verdadeira ousadia impulsionada por um intenso sentimento de admiração, já que a Avenida Carlos Gomes estava estreita demais para comportar a pipoca. Espremido, o povão tinha que dividir espaço com o também comprimido folião “Coruja”.

Palmas e um som único sendo repetidos inúmeras vezes causaram uma apoteose em frente a um dos prédios da Avenida: era o nome da cantora sendo ovacionado. Ivete deixou cair a máscara de forte e durona. Lágrimas lhe caíram sobre o rosto. A banda parou de tocar e um vento de emoção balançou as estruturas do caminhão eletrizado. Profissionais que trabalhavam sobre o Demolidor, amigos e familiares da artista acompanhavam tudo atenciosamente. "Agradeço por cada cartaz, por cada centavo que muitas vezes vocês deixam de comer, de comprar um sanduíche, pra comprar uma cartolina e escrever uma mensagem pra mim. É por causa de vocês que minha carreira é maravilhosa", disse Ivete com um nó na voz, tentando segurar o pranto. "Se não leio tudo, guardo tudo em meu coração. Mas não posso ficar me ligando nisso demais, se não choro o percurso todo. É muita emoção."
Retornando o repertório da apresentação, a cantora deixou que um dos músicos cantasse uma medley de hits atuais do pagode baiano. Antes disso, o cantor D´Black, que acompanhava empolgado o show, já tinha dado uma canja em "Não precisa mudar" e "Sem ar". Até uma das sobrinhas de Ivete cantou com ela algumas músicas.

*matéria originalmente publicada em 26.02. 2009 na Tribuna da Bahia
*fotos e texto de Dimas Novais
[mais fotos da folia de Dalila - clique nelas para ampliar]



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